Eu me sinto, ainda, meio estranho.
Perdido em palavras que nunca foram ditas
E nem nunca serão.
Perdido num tempo distante
Sem saber se estou no começo
Ou se, de repente, tudo já acabou.
Existe essa linha tênue que me separa
Do real e do imaginário.
Fina o bastante para se romper com um sopro...
Um pensamento mais duro...
Uma palavra mais forte...
É aquela dorzinha já tão conhecida que já nem dói mais
Mas ainda insiste em existir... E coexistir!
E a estranheza se reinventado de novo
E de novo... E de novo...
É aquilo que toma o peito
Te enche o Ser
Inflama o Ego
Engrandece o Espírito...
Mas que se desfaz tal como Castelo de Areia à beira do Mar:
Bastou uma Onda e não existe mais.
O silêncio... A Distância...
A indiferença ou não...
Isso pode ferir.
Abre aquelas feridas doloridas
Machucados expostos em carne viva
Aquele sentimento que corroe a Alma
Dissolve o cérebro, inunda os olhos...
Cala a palavra presa na garganta.
A Palavra sôfrega, difícil
Que não toma nenhum caminho
Não segue nenhum rumo
E se perde dentro de você.
E o tempo vai passando...
Você nem percebe o quanto mudou
Que não é mais o mesmo
Que nada é mais o mesmo...
Mas algo ainda explode ai dentro
A vontade louca de ser irracional
E perigoso
Aquela vontade paradoxal de ser aquilo que condenou um dia!
Ser capaz de voltar atrás
E fazer tudo de novo exatamente igual
Só pra não ver acontecer diferente.
É querer ter de volta aquilo que já se foi
Sem querer ir tão longe para recuperar.
É achar que pode ser igual
Enquanto todo mundo já é diferente.
É tentar ser comum quando sabes que és diferente.
E eu me sinto meio estranho...
Querendo demais coisas que eu não posso ter.
Pensando demais coisas que não posso fazer.
Ouvindo demais coisas que não poderei dizer.
Basta! Eu quero Paz!
Ser apenas eu e nada mais!
Não precisa olhar para trás e pensar:
Não faço mais.
Só pelo fato de isso poder ferir alguém.
E quanto as feridas que doem aqui, em mim?
O que se faz?
Eu não quero ter de me encaixar.
Pensar dentro da caixa não me faz feliz nem melhor.
Abrir-me pra vida, sentir o dia passar sem compromisso
Muitos dirão que é vagabundagem quando quero apenas sentir.
Me dar ao luxo de sentir o tempo passar sem medo, sem precisar fazer algo
E me sentir menos inútil.
Essa lenda de quem nada faz, nada é.
Quem disse?
Sentar e ver o tempo passar, sentir o vento, a brisa...
Sabe... Eu ainda me sinto meio estranho.
Achando que não adianta tentar disfarçar
Sabendo que logo terei de lutar
Que o dia há de chegar.
Mas, sei também, que eu vou estar lá.
Queixo erguido, em pé
Sendo, ainda, inexorável, hermético.
Um para sempre paradoxo
Uma contradição de mim mesmo
Me recolhendo dos cacos espalhados de minh’alma
Estarei lá... Vendo tudo.
E sempre serei...
E ainda estarei assim...
Meio estranho.