quinta-feira, 13 de maio de 2010

Soneto Ao Amigo



Enfim, depois de tanto erro passado
Tantas retaliações, tanto perigo
Eis que ressurge noutro o velho amigo
Nunca perdido, sempre reencontrado.
É bom sentá-lo novamente ao lado
Com olhos que contêm o olhar antigo
Sempre comigo um pouco atribulado
E como sempre singular comigo.
Um bicho igual a mim, simples e humano
Sabendo se mover e comover
E a disfarçar com o meu próprio engano.
O amigo: um ser que a vida não explica
Que só se vai ao ver outro nascer
E o espelho de minha alma multiplica...



Vinícius de Moraes.

sexta-feira, 7 de maio de 2010

* Tear The World Down *




22 de Junho de 2009...
Bem Moody ressurgiu das cinzas com a então Banda The Fallen. Como se já não bastasse o nome ser uma alusão ao primeiro Cd de trabalho de sua antiga Banda, Evanescence, a The Fallen ainda vinha acompanhada de dois ex-integrantes da “ex-Banda”... Jonh LeCompt e Rocky Gray se uniram ao Ben para forma a atual We Are The Fallen.
A polêmica não parou por ai... O fato de ser uma vocalista mulher chamou ainda mais atenção! Carly Smithson é branquinha, longos cabelos negros e olhos claros, nem verdes e nem azuis... Obvio que isso soou como provocação e, desde então, Comunidades no Orkut, sites, Blog’s e tudo o que pode comentar sobre não parou de atacar...
Uns protegem... Outros recriminam... Enfim...
O fato é que a Banda WE ARE THE FALLEN está na ativa, mais do que nunca! No próximo dia 10 de Maio a Banda lança, finalmente, o tão esperado e já comentado Cd.
Tear The World Down tem 11 faixas e uma “bonus”. Bury Me Alive é o primeiro single e já sucesso da Banda. O clip está no ar e, sinceramente, é muito bom mesmo! Mas a que vai mesmo chamar o publico é Without You, num tom, digamos, mais acima do que a primeira música!



A banda não tem em NADA a ver com o Evanescence! Sim, é possível sentir algumas semelhanças... Obviamente! Dois ex-integrantes e o “Pai” do Evanescence compõem a We Are The Fallen... Porém, se você procura ouvir o som nem gótico, nem New Metal e nem nada que possa se encaixar e identificar o Evanescence, se engana! A WATF é outra roupagem, outro som, outra coisa! Vale muito à pena!
Não vejo, de forma alguma, a WATF como uma cópia. Muito pelo contrário! Essa é a Banda a qual Bem pode se expressar. É sua nova arma! Não para ofender e nem “matar” ninguém, ele nunca falou nada contra Amy Lee nesse tempo todo, muito pelo contrário. Ele só não precisa mais da sombra dela, que eu Amo muito, que fique bem claro aqui! Mas eu sei reconhecer que cada um é cada um! E existe lugar para todos!

Quer saber mais?
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quinta-feira, 6 de maio de 2010

Conto - A Bruxa e o Lobo - Thiago Assoni



A fogueira crepitava no terreno coberto pelo véu negro do céu noturno. A lua cheia reinava sozinha, iluminando aquele campo de terra batida rodeado por altas árvores de cúpulas triangulares e cheias de folhas amareladas do Outuno.
O círculo estava riscado no chão de terra avermelhada, os elementos necessários dispostos cada qual em seu quadrante: ao Norte reside o elemento terra; ao Sul o calor do fogo; Oeste a força das águas; ao Leste o sussurrar silencioso das vozes que sopram com o vento...
Wanda estava concentrada em seu ritual. Respiração ritmada, olhos cerrados e atenção redobrada. O piar da coruja ao longe e o cricrilar dos grilos ajudavam-na e a embalavam nos cânticos que já haviam sido entoado por suas ancestrais.
Dado certo momento, um som se fez ouvir por entre os montes de mato que cresciam desregrados naquele terreno há tempos abandonado. Ao abrir os olhos, deparou-se com aquele lobo acizentado. Ele parecia observar a garota e Wanda sentiu algo estranho: havia algo naquele olhar que, assustadoramente, parecia-lhe familiar.
Notando que o animal nada faria, Wanda tentou ignorá-lo e voltou suas atenções ao ritual. As palavras saiam sem sentido, quase que em um ritmo cadênciado e incontrolável. Sua mente era invadida por imagens abstratas, em desordem e notou que a fogueira dançava ao vento que surgia ainda fraco. O mesmo vento que sussurrou seu nome.
Assustada ela abriu os olhos.
O vento parou, a fogueira se acalmou... Mas o lobo não estava mais ali. Entretanto, Wanda ainda sentia sua presença. Era como se houvesse algum tipo de ligação. Olhou aos lados, procurando-o, mas não conseguia ver nenhuma vestígio de que ele continuava ali, apenas aquela sensação...
Então, de súbito, um vulto negro cruzou sua frente e Wanda sentiu o coração salta no peito. Ainda que sentisse o lobo por perto, e sabendo que era ele naquele vulto, não via mais um animal peludo ali. Porém, nada conseguia ser desvendado, uma vez que a figura misteriosa encondia-se nas sombras das árvores.
- Quem está aí?
Não ouviu nenhuma resposta, mas identificou um esboço de sorriso, ainda que dentre as sombras. Pouco a pouco, percebeu o rapaz se revelar, caminhando, calmamente, até onde a luz da lua pudesse iluminar seu rosto alvo, quase cinzento.
Era um lindo rapaz! Olhos esverdeados e longos cabelos castanhos que cobriam os ombros largos. Vestia casaca vitoriana acinturada em tom ocre com leves bordados em estilo barroco, calça montaria em um tom um pouco mais escuro e botas pretas altas. E então surgiu o sorriso, agora mais nítido, e aqueles dentes...
Wanda sorriu, enfim, e levantou-se, segura de que não havia perigo algum. Desfez o círculo que marcava a terra vermelha com a ponta do sapato e, rapidamente, correu para abraçá-lo...
- Thuomas! Deu certo!
- Cá estou novamente, bruxa.
- Há muito o que precisa resolver...
- Bem sei disso. - ele sorriu triste. - Mas preciso, ainda, de sua ajuda.
- Contando que pague sua promessa, ajudarei no que for preciso.
Thuomas sorriu e sacou pequeno folheto do bolso interno da casaca.
- Aqui está uma amostra do que posso lhe oferecer... Continue me ajudando e terás todo o caderno de onde esta folha saiu.
Wanda desdobrou a folha e leu seu conteúdo. Sorriu, mas não parecia satisfeita.
- Sabes o que preciso, não é?
- Sei, é claro. Mas também sabes do que eu preciso, não é?
A Bruxa sorriu para o rapaz lupino.
- Claro que sei, vampiro... E vou levar-te até lá...
Thuomas mantinha a pose aristocrata, mas não rude. Os olhos devido à fogueira bruxuleante e, mais uma vez, ele sorriu:
- Por mais que o tempo seja algo insignificante para mim, tenho pressa... Podemos ir?
- Sim, é claro!
Fazendo mesura, o vampiro esticou o braço.
- Primeiro as damas...
Wanda seguiu à frente, tendo o vampiro em seu encalço. E aquela noite dividiria toda a existência da Bruxa, do vampiro e, quiçá, da outra pessoa envolvida.
E então se foram, sumindo por entre as árvores, rumo ao desconhecido, a bruxa e o vampiro.


Continua...?

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sábado, 1 de maio de 2010

Meu Amor Vampiro




Seus olhos brilham na imensa escuridão.
A mata densa dificulta minha visão.
Eu fujo, eu corro. Deixo as marcas pelo chão.
Por mais que eu faça, as lembranças não se vão...

Os monstros todos correm atrás de mim.
A cada passo, sinto mais perto o fim.
Por quer eu fui me entregar assim?
Agora não paro pra olhar pra mim...

O vento trás o cheiro que me é perturbador.
Seu perfume invade a mata e aumenta minha dor.
Não sei o que farei se um dia você se for.
Por mais que não devesse, eu vivo esse Amor...

Dentes salientes, olhos a brilhar.
Basta um beijo teu pra poder me matar.
Sabes muito bem que sempre vou me entregar.
Corro nessa mata pra poder te encontrar...

Sei que não é certo, mas jamais vou conseguir.
Sempre em seus braços, não vou mais sair.
És Anjo em minha noite, não vou mais fugir.
Se eu me entrego, sei que vou cair...

Os olhos me assombram naquela escuridão.
Por mais que eu quisesse, não consigo dizer não.
Todas as tentativas sempre serão em vão.
Peça minha vida... Jamais lhe direi NÃO...

Desde que lhe vi, perdi minha vida.
Jamais suportarei ver sua partida.
Mantenho minhas chaves sempre às escondidas.
Agora, com você, não tenho outra saída.

Preso nessa mata – Grito por você!
Já não há mais nada que eu possa fazer.
Meu Anjo, meu Demônio – Vivo por você!
Você mudou minha vida... Você mudou meu Ser...

Corro nessa mata... Não preciso mais fugir...
Deveria ter sumido, mas não posso mais mentir!
Não devo esconder, vou deixar fluir...
Enfrento quem puder, só não deixo de sentir...

Conto - Morrer Sem Coração. - Thiago Assoni



Aos fundos, as luzes pequeninas que adornavam o parquinho do circo ainda estavam acesas, mas ela não queria mais ficar ali.
Olhou aos lados, mas apenas o mato crescia por entre a rua estreita de terra batida. Eram mãos pegajosas e asquerosas... Poderia ela fugir para bem longe, onde ninguém mais pudesse tomar conta de sua vida?
O rosto pintado sorria, mas o peito oco sangrava lágrimas de tristeza irreparável. A que custo ganhou toda sua fortuna? Quanto precisou perder para ganhar?

Aos fundos, ainda piscavam as luzinhas coloridas. E ficavam mais e mais distantes. O caminho nunca foi bonito mesmo, mas não era assim que aparecia para o mundo. Glamour, beleza, sorrisos perfeitos... Tudo era sempre tão fascinantemente mentiroso...
E quem poderia prever que naqueles olhos azuis tão belos, se escondia a dor e a tristeza que suas alegrias nunca mostravam? Vendia tudo aquilo o que nunca acreditou, todas as coisas imensamente inúteis que todos deveriam ter!
Os padrões, a boa forma que a machucava para aparecer bonita. Não coma, vá para a academia, caiba nesse vestido! Você não pode fazer isso, seja o exemplo! Larga esse cigarro, não beba essa cerveja. Fique séria enquanto serve de vitrine nessa passarela onde pessoas fúteis vão te aplaudir. Moda tem um preço, mas não importa: pague! Leia o livro mais vendido, você precisa ser mais cool. Saiu no jornal, então essa é a verdade, faça igual!

E todas aquelas bolas de vidro acessas ficavam para trás.
Por detrás de tanta perfeição, pulsos cortados. Anti-depressivos, maconha, cocaína, heroína. Sexo sem prazer, pois não havia mais libido dentro de si.
Viviam brincado no playground que era toda essa fantasia, armando o circo que era sua vida... Mas ela não queria mais e tudo estava ficando para trás.

Subiu os degraus de um prédio em esqueleto, tão abandonado e sujo quanto ela se sentia por dentro. Chegou ao espaço que serviria de mirante, abriu os braços, sorriu em choro e gritou:
- Liberdade!
E em seguida o vento forte, a queda livre...

O peito oco que derramava sangue, o vazio que corroía sua alma, a lacuna que fazia doer...
Não havia nada que batia, nunca mais sentiu.
Lhe faltava o ar, a visão sumia, o coração parava.
Tudo era desforme, música sem som, fogo sem calor...
Perder o dom por não ter mais Amor...
O peito oco fez reclamar por sentir tamanha solidão, ainda que rodeada por toda aquela multidão.
Sozinha quis ficar, sem poder amar.
Melhor mesmo foi morrer sem coração.